quinta-feira, 5 de setembro de 2013

Telhada militariza Câmara de SP para forçar projeto que homenageia a Rota

Em Cotidiano, Caros Amigos, publicado em Terça, 03 Setembro 2013 17:39.

Ex-chefe da Rota convoca PMs para estarem juntos na sessão dessa terça (3).


O ex-chefe da Rota, vereador Coronel Telhada (PSDB), convocou policiais militares e familiares para comparecerem, nesta terça-feira (3), à sessão na Câmara Municipal de São Paulo. O ex-PM pretende pressionar os demais vereadores a assinarem seu projeto que homenageia a corporação com uma ‘salva de pratas’. Manifestantes prometem lotar a sessão para impedir, pela quarta vez, que o projeto passe pela Casa.

Ato


“O ato de hoje vai refletir no que as ruas disseram nas jornadas de junho, que a repressão do aparato de violência do Estado coloca em xeque a democracia. Enquanto pedimos mais democracia, a Câmara de São Paulo está pedindo mais repressão e mais sangue”, explicou Givanildo Manoel (Giva), do Tribunal Popular e integrante do Comitê pela Desmilitarização, que chegou a ser ameaçado por Telhada durante as eleições para vereador no ano passado.

Na carta, Telhada pede apoio aos seus amigos policiais para fazer uma mobilização ‘contra os que não querem manter a lei e a ordem’.

“Apesar de já termos quase conseguido o numero mínimo de 37 vereadores que votem a favor do projeto, ainda estamos sofrendo forte resistência do PT e do PSOL para resolver logo o problema, os quais inclusive têm trazido para o Plenário indivíduos que são totalmente contrários à ROTA (acho que dá para imaginar o motivo)”, diz trecho do documento.

Votação nominal


Por três tentativas, a homenagem ficou pendente de votação ao não conseguir o voto favorável de 37 dos 55 vereadores. Isso ocorreu após o vereador Toninho Vespoli (PSOL) pedir votação nominal, o que forçou a bancada do PT, a maior da Casa com 11 vereadores, a votar contra o projeto.

No texto do projeto que homenageia a corporação, Telhada destaca, entre outras coisas, a atuação da Rota durante o regime militar, que perseguiu guerrilheiros como Carlos Lamarca e Carlos Marighella.

Perseguição


Nessa segunda-feira (2), dois ativistas do Comitê Contra o Genocídio da Juventude Negra e Periférica, Miguel e Priscila, foram abordados e interrogados por policiais, dentro da Câmara, enquanto colavam cartazes contra a homenagem à Rota.

Um PM, identificado como Pelluco, anotou o endereço de Miguel por duas vezes, enquanto era encaminhado ao 8º andar, onde fica a assessoria da PM. Miguel conta que, no caminho da assessoria, membros do gabinete de Telhada tiraram fotos deles.

Cartazes


“Eles [assessores] pediram na assessoria da PM para fazer uma espécie de qualificação. Em todo momento eles disseram que a gente tinha que ter procurado não sei qual setor para colocar cartazes. Eles falaram que tinha um regimento interno e que iam consultar, mas no final das contas, não tinha nada”, narra Miguel, no momento em que protocolava uma denúncia sobre o episódio na Câmara.

Priscila, moradora da Favela da São Remo, na zona oeste de São Paulo, também foi intimidada por um agente. Procurada pela reportagem para prestar esclarecimento, a assessoria de Telhada não respondeu até o fechamento dessa matéria.

Durante as eleições municipais do ano passado, Telhada utilizou sua página oficial do Facebook, que tem mais de 130 mil seguidores, para incitar a violência. Chegou, inclusive, a ameaçar o repórter da Folha de S.Paulo, André Caramante, por ter denunciado o coronel por apologia ao crime. À época, Caramante teve que sair do país devido às ameaças.

Telhada


Após ser eleito com mais de 90 mil votos, o ex-chefe da Rota foi acusado pela repórter Lúcia Rodrigues de empregar em seu gabinete dois assessores que financiaram sua campanha com quantias elevadas. Um deles é Antônio José Fonseca da Silva, que chegou a doar o montante equivalente a quase R$ 40 mil para a campanha do coronel.

Após a denúncia, mais uma vez, Telhada ameaçou a repórter e ainda abriu um processo contra ela. “Eu aconselho você a tomar cuidado com o que você vai publicar. Porque a paulada vêm depois do mesmo jeito, no mesmo ritmo”, disse em tom de intimidação.

Telhada também já se posicionou favorável à prisão perpétua. Em entrevista à Revista Época, em outubro do ano passado, o ex-comandante disse que para ele seria uma punição eficaz. “Muita gente ia pensar antes de fazer as loucuras.
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