sexta-feira, 14 de junho de 2013

‘Tem dias que tenho vergonha da sociedade’, diz coronel Telhada

Do G1 São Paulo.

No Facebook, ele disse que evitou comentar vandalismo de 'criminosos'.
Protesto na quinta-feira teve feridos e mais de 200 detidos.

Coronel reformado da Rota, Telhada criticou
imprensa (Foto: Roney Domingos/ Arquivo G1)
O coronel Paulo Telhada, vereador e ex-comandante da Rota, criticou a maneira como a imprensa e as autoridades públicas encararam a ação da PM durante protestos contra o aumento da tarifa dos transportes. Em sua página do Facebook, Telhada disse nesta sexta-feira (14), um dia após ato que terminou com feridos e mais de 200 detidos, que o “Brasil está a beira do caos e parece que ninguém se apercebe”.

(O G1 acompanhou em tempo real a manifestação. Leia o relato completo.)

Em post publicado no fim da manhã, o vereador paulistano disse que procurou evitar comentar “sobre o vandalismo praticado por criminosos travestidos de manifestantes nos últimos dias em São Paulo” e acrescentou: “Tem dias que tenho vergonha da nossa sociedade”.

Vereador do PSDB, partido de oposição ao prefeito Fernando Haddad (PT) na Câmara Municipal, Telhada também criticou o petista. “O que mais vocês poderiam esperar dessas pessoas; vejam essa notícia: O prefeito ainda ressaltou que ‘a PM está sob comando do governo do Estado’."

Protesto


A manifestação começou por volta das 17h em frente ao Theatro Municipal, no Centro de São Paulo. Enquanto lojistas fechavam as portas para evitar depredação, a Polícia Militar prendia dezenas para averiguação. Segundo a PM, foram apreendidos coquetéis molotov, facas e maconha. De acordo com a delegada Vitória Lobo Guimarães, até o início da madrugada, 198 pessoas haviam sido detidas e encaminhadas ao 78º DP, nos Jardins. Todos foram liberados. Quatro vão responder termo circunstanciado; três deles por porte de entorpecentes e um por resistência à prisão. Outras cinco pessoas foram levadas para o 1º DP.
(Foto: Reprodução/ G1)
O ato ocupou a Rua Xavier de Toledo, o Viaduto do Chá e seguiu pela Avenida Ipiranga. Ao menos duas pessoas foram presas na esquina das avenidas Ipiranga e São Luís por causa da depredação e pichação de um ônibus.

Os manifestantes, cerca de 5.000 segundo a PM, usavam máscaras e narizes de palhaço. “Não aguentamos mais sermos explorados”, dizia uma das faixas. A Cavalaria da PM uniu-se ao Choque na Rua Maria Antônia, onde começaram os confrontos. A Universidade Mackenzie, que fica na esquina, fechou as portas.

Segundo o major da PM Lídio, o acordo era para que os manifestantes não subissem em direção à avenida Paulista, o que não foi cumprido. “Se não é para cumprir acordo, aguentem os resultados”, disse.


Os manifestantes tentaram subir a Rua da Consolação, por volta das 19h15, e houve dispersão. Parte seguiu até a Avenida Paulista, que voltou a ser interditada por volta das 21h30. Uma parte do grupo fez barricada uma com objetos queimados na Rua Fernando de Albuquerque. A polícia avançou com balas de borracha e gás lacrimogêneo sobre os manifestantes, que revidaram jogando pedras e garrafas em direção aos PMs.
Policial prende homem em local próximo da
concentração da manifestação em SP
(Foto: Gabriela Biló/Futura Press)
O jornal 'Folha de S.Paulo' diz que teve 7 repórteres atingidos no protesto, entre eles Giuliana Vallone e Fábio Braga, que levaram tiros de bala de borracha no rosto. Um cinegrafista foi atingido com spray de pimenta no rosto por um policial.

Um jornalista da revista 'Carta Capital' e um fotógrafo do portal 'Terra' foram levados para o 78º DP, nos Jardins, na Zona Sul da cidade, mas foram liberados por volta das 19h30. Outros detidos relataram ao G1 terem sido levados à delegacia por portarem vinagre e spray.

A Anistia Internacional mostrou “preocupação com o aumento da violência na repressão aos protestos contra o aumento das passagens de ônibus no Rio de Janeiro e em São Paulo”. “Também é preocupante o discurso das autoridades sinalizando uma radicalização da repressão e a prisão de jornalistas e manifestantes, em alguns casos enquadrados no crime de formação de quadrilha”, disse em nota.

Manifestantes e Cavalaria na Rua da Consolação. (Foto: Glauco Araújo/G1)

Manifestantes fogem das bombas da Rua Augusta. (Foto: Flavio Moraes/G1)

Manifestantes ateiam fogo em lixo pelas ruas durante confronto com a polícia. (Foto: Filipe Araújo/Estadão Conteúdo)

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