terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Casa do povo é 'casa da mãe Joana'

Por Cristina Christiano, via Rede Bom Dia.

Fragilidade da segurança na Câmara Municipal de São Paulo virou motivo de preocupação



Na Câmara Municipal de São Paulo, onde são discutidos orçamento, tributos e leis que regem a cidade e seus moradores, a fragilidade da segurança está causando apreensão. Não há detectores de metais, qualquer pessoa entra e sai sem se identificar, tem livre acesso a todas as dependências e as câmeras de monitoramento, além de não estar interligadas, gravam precariamente. O problema não é novo, mas veio à tona agora com a posse de vereadores acostumados a lidar com a criminalidade nas ruas, como o coronel Paulo Telhada (PSDB), ex-comandante da Rota.

“Existem quatro entradas no prédio e em nenhuma há controle de acesso, vigilância ou raio-X . Há vários relatos de furtos, atos obscenos e frequentadores do albergue em frente utilizam os banheiros para tomar banho nas pias”, diz Telhada. Ele iniciou campanha para alertar colegas dos riscos e tentar solucionar falhas.

“Ninguém está levando em conta a questão da segurança, que preocupa o mundo inteiro. As pessoas falam que não se pode restringir o acesso da população. Tudo bem, aqui é a Casa é do Povo, mas não é a da mãe Joana”, diz Telhada.


A segurança é feita por 40 guardas-civis metropolitanos, divididos em turnos, que cuidam do patrimônio e da integridade física de funcionários e vereadores, além de 32 policiais militares, encarregados do controle de acesso à presidência da Casa e à parte externa.

“Estamos implementando novo plano de trabalho, com rondas em todos os andares, subsolo e garagens, com vistas a monitorar o acesso das pessoas e facilitar o controle de entrada e saída”, afirma a inspetora Sandra Perticarrari, comandante da GCM na Câmara. Hoje, o controle de acesso é feito por duas GCMs. Elas sentam-se perto do elevador e fazem riscos para identificar o número de pessoas que entram.

O vereador coronel Álvaro Camilo (PSD), ex-comandante da PM, diz que ainda não estudou a questão, mas concorda que há “pontos mais críticos”, que necessitam de acompanhamento maior, como os acessos à presidência, à garagem, aos veículos ou aos caixas eletrônicos. “Não pode ser oito nem 80. A segurança deve ser melhorada, de modo que não prejudique o acesso da população. A Câmara é diferente de um prédio comercial ou de outros edifícios públicos.”

Para Camilo, barreiras tecnológicas ajudariam a identificar e resolver problemas sem alarde. “Quem não quer acompanhar o seu vereador, como frequentadores do albergue, deve ser orientado, com jeito, a sair. Ele também deve ser informado de que não pode utilizar banheiros para tomar banho porque o prédio não é só dele”, comenta.

A facilidade de acesso preocupa até mesmo quem não é da área de segurança, como o vereador Ari Friedenbach (PPS). ”A questão é complexa porque envolve segurança, mas também não se pode cercear o acesso. As pessoas poderiam, pelo menos, se identificar na portaria porque ninguém quer andar por corredores cruzando com quem não sabe”, diz.

O vereador Natalini (PV), que está na Casa desde 2000, diz que só teve problema uma vez, em 2005. “Tentaram arrombar o meu gabinete. Acredito que se tratou mais de ameaça política velada do que roubo.” Ele defende medidas que garantam a segurança de todos e permitam o livre acesso do povo. “Tem de haver o meio-termo.”
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