Fragilidade da segurança na Câmara Municipal de São Paulo virou motivo de preocupação
Na Câmara Municipal de São Paulo, onde são discutidos orçamento, tributos e leis que regem a cidade e seus moradores, a fragilidade da segurança está causando apreensão. Não há detectores de metais, qualquer pessoa entra e sai sem se identificar, tem livre acesso a todas as dependências e as câmeras de monitoramento, além de não estar interligadas, gravam precariamente. O problema não é novo, mas veio à tona agora com a posse de vereadores acostumados a lidar com a criminalidade nas ruas, como o coronel Paulo Telhada (PSDB), ex-comandante da Rota.
“Existem quatro entradas no prédio e em nenhuma há controle de acesso, vigilância ou raio-X . Há vários relatos de furtos, atos obscenos e frequentadores do albergue em frente utilizam os banheiros para tomar banho nas pias”, diz Telhada. Ele iniciou campanha para alertar colegas dos riscos e tentar solucionar falhas.
“Ninguém está levando em conta a questão da segurança, que preocupa o mundo inteiro. As pessoas falam que não se pode restringir o acesso da população. Tudo bem, aqui é a Casa é do Povo, mas não é a da mãe Joana”, diz Telhada.
A segurança é feita por 40 guardas-civis metropolitanos, divididos em turnos, que cuidam do patrimônio e da integridade física de funcionários e vereadores, além de 32 policiais militares, encarregados do controle de acesso à presidência da Casa e à parte externa.
“Estamos implementando novo plano de trabalho, com rondas em todos os andares, subsolo e garagens, com vistas a monitorar o acesso das pessoas e facilitar o controle de entrada e saída”, afirma a inspetora Sandra Perticarrari, comandante da GCM na Câmara. Hoje, o controle de acesso é feito por duas GCMs. Elas sentam-se perto do elevador e fazem riscos para identificar o número de pessoas que entram.
O vereador coronel Álvaro Camilo (PSD), ex-comandante da PM, diz que ainda não estudou a questão, mas concorda que há “pontos mais críticos”, que necessitam de acompanhamento maior, como os acessos à presidência, à garagem, aos veículos ou aos caixas eletrônicos. “Não pode ser oito nem 80. A segurança deve ser melhorada, de modo que não prejudique o acesso da população. A Câmara é diferente de um prédio comercial ou de outros edifícios públicos.”
Para Camilo, barreiras tecnológicas ajudariam a identificar e resolver problemas sem alarde. “Quem não quer acompanhar o seu vereador, como frequentadores do albergue, deve ser orientado, com jeito, a sair. Ele também deve ser informado de que não pode utilizar banheiros para tomar banho porque o prédio não é só dele”, comenta.
A facilidade de acesso preocupa até mesmo quem não é da área de segurança, como o vereador Ari Friedenbach (PPS). ”A questão é complexa porque envolve segurança, mas também não se pode cercear o acesso. As pessoas poderiam, pelo menos, se identificar na portaria porque ninguém quer andar por corredores cruzando com quem não sabe”, diz.
O vereador Natalini (PV), que está na Casa desde 2000, diz que só teve problema uma vez, em 2005. “Tentaram arrombar o meu gabinete. Acredito que se tratou mais de ameaça política velada do que roubo.” Ele defende medidas que garantam a segurança de todos e permitam o livre acesso do povo. “Tem de haver o meio-termo.”

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