terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Brincadeira de 'Polícia e Ladrão' na berlinda

Por Cristina Christiano, via http://www.redebomdia.com.br/noticia/detalhe/41426/Brincadeira+de+%27Policia+e+Ladrao%27+na+berlinda.

Proibição da comercialização de armas de brinquedo divide opiniões às vésperas de se tornar lei em SP

Um projeto polêmico aprovado na Assembleia Legislativa no final de dezembro, que ainda aguarda sanção do governador Geraldo Alckmin (PSDB) para se tornar lei, já está dando muito o que falar. Ele proíbe a fabricação e a venda de armas de brinquedo no estado e prevê desde advertência por escrito e multa até o fechamento do estabelecimento que o descumprir.

Em sua justificativa, o deputado André do Prado (PR), autor do Projeto de Lei 942, diz que a medida servirá para afastar crianças e adolescentes de brinquedos que podem incitá-los à violência. “Se uma criança se acostuma com o uso de armas, aumenta a possibilidade de o ‘brinquedo’ ser considerado por ela como algo normal das relações sociais”, diz.

“Acho uma hipocrisia. Não é a proibição de brincar com arma que afasta a violência da criança, até porque, se não tiver a de plástico, ela vai pegar um pedaço de pau para simular. A criança vive na ilusão, não tem maldade. O que vai fazer a diferença é a orientação dos pais, os valores e a religião, não o brinquedo”, afirma o vereador e coronel da reserva da PM Paulo Telhada (PSDB). Ele, porém, diz ser radicalmente contra réplicas. “Não se pode confundir as coisas. Arma para criança brincar tem de ser descaracterizada, colorida. Já imitações devem ser proibidas mesmo, porque são usadas por adolescentes para assaltar”, afirma.

A psicóloga Adriana Armando, mesmo sendo contra qualquer tipo de armamento, considera arma de brinquedo inofensiva. Para ela, não é a arma de plástico que traz violência. “A agressividade da criança vem de outros motivos, não da brincadeira. É tão comum brincar de bandido, mocinho, polícia, super-homem. Eu mesma conheço um garoto de 5 anos que adora armas e é uma pessoa calma e alegre”, diz.

MERCADO NEGRO

Para a Fundação Abrinq, criança tem de aproveitar a infância para brincar, se divertir e aprender coisas boas, como valores humanitários de respeito ao próximo e pacifismo. A entidade diz que apoia todas as mobilizações pela não utilização de brinquedos violentos e defende a realização de ações educativas, mas faz um alerta: “Armas de brinquedo, réplicas das de fogo, nem são mais fabricadas no país. As de brinquedo oficiais têm cores vibrantes, como pink e verde-limão, geralmente são de água ou artefatos não perigosos e são fabricadas por indústrias de brinquedo. Já as imitações são confeccionadas clandestinamente e alimentam um mercado paralelo”.

Na opinião do professor Benê Barbosa, presidente do Movimento Viva Brasil, o projeto não passa de “bobagem”. “É muito mais fácil proibir do que educar. Pior do que brincar com armas é ver crianças convivendo lado a lado com a violência, vendo o traficante ter carro bonito, usar o tênis caro e achar que aquilo é certo”, diz. Segundo ele, um projeto não pode interferir na decisão dos pais. “Se eu quiser dar uma arma ao meu filho posso comprar fora do estado ou pela internet. Arma não pode ser considerada objeto de agressão porque é um brinquedo lúdico, para matar monstros, zumbis”, afirma.
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